Cartola do Vasco leva dinheiro da bilheteria para casa, é assaltado e perde 62 mil reais

Neste domingo, o vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi assaltado quando chegava ao prédio onde mora, no bairro de Laranjeiras na Zona Sul do Rio de Janeiro. Quatro homens vestidos com coletes da policia civil e armados com fuzis AR-15 renderam o deputado federal e seus 4 seguranças. Os meliantes levaram 62 mil reais,  parte da renda que pertencia ao Vasco referente ao jogo em que o time cruzmaltino venceu o Flamengo por 1 a 0, no mesmo dia do assalto.

O cartola entregou o dinheiro, seus seguranças não reagiram e o Vasco ficou no prejuízo. Até agora a polícia identificou um suspeito, Rinaldo Vicente, de 24 anos, mas não tem pista do seu paradeiro. A situação em que se deu o assalto é absurda. Seria o mesmo que imaginar Abílio Diniz, dono da rede Pão de Açúcar, passando no caixa dos seus supermercados no começo da noite para recolher o faturamento do dia e levá-lo para casa, em vez de guardar no banco.

O presidente da SUDERJ,  Raul Raposo, disse que a administração do futebol carioca é amadora e inoperante, e que a cada jogo disputado no Maracanã, a entidade recebe 7% líquidos da arrecadação. Raposo também disse que guarda o dinheiro em um cofre que fica dentro do estádio. Os dirigentes dos times de futebol não gostam dessa opção. Preferem ficar com o dinheiro na mão. Além de vulnerável a assaltos, a prática permite que o cartola faça o que bem entender com o dinheiro, sem dar satisfação a torcedores, sócios do clube e, em especial, ao Fisco.

Eurico não é o único a guardar dinheiro da bilheteria “embaixo do colchão”. Álvaro Barcelos, presidente do Fluminense, admite que faz a mesma coisa. "Temos um funcionário que leva o dinheiro para a sede do clube", conta. A diferença é que, ao contrário do Vasco, o Fluminense tem seguro contra roubo para até 100 mil reais. Quando a cifra é maior que essa, a diretoria do clube prefere deixá-la no cofre da SUDERJ, no Maracanã, e contratar um carro-forte para retirá-la no dia seguinte. Kléber Leite, presidente do Flamengo, jura que o clube se vale de um esquema mais profissional: "Após as 20 horas, não são todas as empresas de carros-fortes que operam. Mas pagamos mais caro a três empresas particulares para fazer o serviço", garante. "É mentira. Todos os clubes fazem a mesma coisa que eu", rebate o vice-presidente do Vasco.

Eurico Miranda é um cartola de extensa folha corrida. Aos 53 anos, casado, pai de quatro filhos, fala pelos cotovelos e vive aprontando confusão. Uma de suas opiniões polêmicas é a de que "todo tenista é homossexual". É vice-presidente de futebol do Vasco há onze anos. O clube tem um presidente, chamado Antônio Soares Calçada, mas quem manda mesmo é Eurico, que é acusado pela oposição de usar o clube para promover sua carreira política. O dirigente já foi indiciado por estelionato e formação de quadrilha num inquérito da Polícia Federal sobre manipulação de resultado de jogos de futebol do Rio de Janeiro. Foi ainda alvo de investigação sobre sonegação de imposto de renda. E em 1994, o deputado estadual Sérgio Cabral Filho deu queixa na polícia contra ele por ameaça de morte. O cartola teria dito numa entrevista que só havia duas opções para acabar com Cabral Filho: uma escopeta calibre 12 ou a Justiça.

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