Justiça tira "Domingo Legal" do ar

Uma entrevista exibida no último dia 7 no programa "Domingo Legal", do SBT, se transformou em alvo de inquérito policial. Dois homens armados e encapuzados, que disseram integrar a facção criminosa PCC, fizeram ameaças a diversas personalidades. Para a polícia, a entrevista foi uma farsa.

Sob suspeita de fraude, uma cópia da gravação foi encaminhada à Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo. O procurador Luiz Antonio Guimarães Marrey levantou suspeitas sobre a autenticidade de a dupla pertencer ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

A dupla fez ameaças de morte a personalidades como o padre Marcelo Rossi, o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e aos apresentadores José Luiz Datena (Bandeirantes), Marcelo Rezende (Rede TV!) e Oscar Roberto de Godoy (Record).

Policiais do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) passaram a ouvir os depoimentos de envolvidos na produção do programa e identificaram os encapuzados, que usaram os codinomes Alfa e Beta na gravação. O homem apontado como responsável por intermediar a entrevista com os supostos criminosos também foi identificado.

No dia 15, o apresentador Gugu Liberato falou pela primeira vez sobre o caso. Ele pediu desculpas aos ameaçados pela dupla durante entrevistas na televisão. Gugu afirmou que não conhecia o conteúdo da reportagem e que confiou no repórter Wagner Maffezoli, responsável pela entrevista.

Por determinação da Justiça Federal, o "Domingo Legal" não será exibido no dia 21. A liminar foi obtida pelo Ministério Público Federal, que acusou o programa e o SBT de abuso da liberdade de imprensa e de ferir a ética ao dar voz ao crime, devido à exibição da entrevista.

Confira abaixo a entrevista exclusiva que o apresentador Augusto Liberato concedeu ao Old News:

Old News: Até que ponto vai sua insenção de culpa neste caso?

Gugu: Ora, veja: eu não estava lá no momento daquela entrevista. E quem fez a reportagem jura que aquelas figuras são realmente do PCC. Quando tive de depor, eu fui à delegacia dirigindo meu carro. Os demais envolvidos foram escoltados porque estavam presos por outros delitos. Então, levanto a pergunta: como se prova se eles eram ou não do PCC? Tem de mostrar carteirinha? É impossível saber ao certo. Mas a imprensa está martelando o caso em função da audiência que estamos tendo. Dar voz a bandido é um erro quase imperdoável, mas fui enganado por tabela.

Old News: Mas a farsa foi descoberta pelas autoridades, e a imprensa só cumpriu o seu papel de informar.

Gugu: Outros repórteres do país também caíram em contos desse tipo e ninguém falou nada. O fato é que meu produtor foi incumbido de fazer uma entrevista com bandidos do PCC, apresentou a fita e eu acreditei nele. Estou sendo crucificado por algo que não fiz.

Old News: Qual a parcela de culpa do chefe de reportagem Wagner Mafezolli neste caso, já que ele foi afastado do cargo?

Gugu: Se ele foi enganado, eu fui enganado por tabela.

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